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Quando andamos de transportes públicos em hora de ponta; quando vamos ao lançamento do último livro de Harry Potter; ou quando tentamos ir à estreia do mais recente filme de Star Wars; temos sempre a mesma certeza absoluta: existem demasiadas pessoas no mundo. Essa ideia também é partilhada pela personagem Bertrand Zobrist (Ben Foster) e serve de premissa base ao mais recente filme baseado num dos romances de Dan BrownInferno.

Realizado por Ron Howard (realizador de Uma Mente BrilhanteFrost/NixonCódigo Da Vinci Anjos e Demónios, estes dois últimos também baseados em romances homónimos de Dan Brown), Inferno traz-nos de volta o professor de simbologia da Universidade de Harvard, Robert Langdon (Tom Hanks), numa missão para desvendar um terrível segredo que ameaça destruir grande parte da humanidade e o mundo como o conhecemos.

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Todos os mecanismos da ameaçadora engrenagem parecem começar a mover-se com o suicídio de Bertrand Zobrist, um multimilionário defensor da ideia de que se a humanidade continuar a expandir-se ao ritmo actual ocorrerá uma catástrofe avassaladora conducente à extinção total da espécie humana. Por seu lado, Robert Langdon acorda num hospital em Florença depois de ter sofrido uma lesão que lhe causou amnésia parcial. Acompanhado pela jovem médica Sienna Brooks (Felicity Jones), o professor inicia a sua epopeia para relembrar-se do temível segredo que desvendara antes de ser atacado e perder a memória. Claro que os dois terão de enfrentar grandes ameaças personificadas por Christoph Bouchard (Omar Sy), um agente especial com uma agenda própria, Elizabeth Sinskey (Sidse Babett Knudsen), dirigente da Organização Mundial de Saúde e antiga namorada de Robert Langdon, Harry Sims (Irrfan Khan), líder de uma misteriosa organização que supostamente não existe associada a Zobrist e homem capaz de trazer uma faca para um duelo de pistolas e mesmo assim safar-se e por fim, a bela e mortal Vayentha (Ana Ularu), agente em Florença da organização liderada por Sims. Como de costume em qualquer história de Dan Brown as personagens revelam não ser exactamente o que afirmam ser e as reviravoltas surgem às catadupas.

Robert Langdon está numa missão para desvendar um terrível segredo que ameaça destruir grande parte da humanidade e o mundo como o conhecemos.

Como já nos habituámos em Código da Vinci Anjos e Demónios a narrativa é articulada pelo desvendar de um mistério escondido através da interpretação de mensagens encriptadas. Desta vez os códigos partem da descrição do Inferno feito por Dante na sua obra prima, Divina Comédia. Enquanto nos embrenhamos na história e obra do poeta italiano somos levados por uma viagem alucinante por alguns dos mais belos monumentos europeus, desta vez centrados exclusivamente em Itália, com passagens por Florença e Veneza.

Apesar de tudo isto, depois de vermos o filme pouco fica. O modelo parece bastante esgotado. Já não temos qualquer surpresa com as reviravoltas, até as supostamente mais inesperadas não causam momentos de estupefacção e algumas não fazem grande sentido. Talvez tratam-se de uma aposta no absurdo para criar surpresa, mas com parcos resultados. Basicamente deparamo-nos com uma correria desenfreada por vários monumentos italianos famosos sem grande desenvolvimento da narrativa. Sem dúvida funciona muito bem como anúncio para o turismo italiano.

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Falta ao filme o tom polémico dos seus dois antecessores, os quais tinham o grande aliciante de abordar os meandros de uma instituição que tem tanto de público, como de misteriosamente privado: a Igreja Católica Romana. A publicação de Código da Vinci em 2003 criou um sururu imenso na comunicação social e um debate na sociedade acerca da Igreja e da figura de Cristo, polémica que alastrou ao filme quando este chegou às salas de cinema em 2006. Afinal a grande reviravolta de Inferno parece basear-se numa obra de Dan Brown, mas não arrefinfar nenhuma talochada na pradaria. Todo o carácter polémico está ausente do filme. A temática abordada, o excesso de população mundial, não motiva grande interesse e não apresenta grande novidade. Basta andar no trânsito em hora de ponta para se ficar claramente com noção que isto anda cheio de gente a mais!

As interpretações também não são das melhores. Tom Hanks, sem dúvida um actor excepcional, já está gasto como Robert Langdon e não parece conseguir criar grande empatia com o público, mesmo quando passa metade do filme ferido e em sofrimento físico e a outra metade em processo de enamoramento por uma paixão antiga. Pelo menos voltamos a assistir às capacidades de Felicity Jones, quando se aproxima a sua estreia como heroína no universo de Star Wars e como diva dos sonhos eróticos de muitos nerds e geeks por este mundo fora.

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De tudo isto safa-se a banda sonora da autoria do incrível Hans Zimmer. Se é um facto que a música de Inferno não vai alcançar o estatuto de mítico e absolutamente reconhecível de imediato de outras obras do maestro, como as bandas sonoras de GladiadorPiratas das Caraíbas ou da trilogia de Batman de Christopher Nolan, entre muitos outros, ou mesmo a capacidade criar tensão ao máximo como a sonoridade de Interstellar, também é verdade que a música de Inferno ajuda sobremaneira ao desenvolver da narrativa enriquecendo em muito o filme.

 Inferno parece pertencer a um modelo esgotado e não é neste caso que esta fórmula teve capacidade de inovar para tornar-se mais interessante. Sem dúvida não é um filme que obrigue de forma alguma a uma deslocação ao cinema e ao pagamento de um bilhete. Fica-se como filme para domingo à tarde quando não estiver a dar nada melhor na televisão.

Custou-Mas-Foi

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