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Comecemos pelo início: A Vida Secreta dos Nossos Bichos apresenta-se ao público com teasers e trailers que, de forma mais ou menos consensual, trouxeram uma boa disposição contagiante que agourava algo de refrescante no cinema de animação. Quando me sentei na sala da Sessão de Imprensa senti um desejo controlado de que a próxima hora e meia fosse, de facto, o ponto alto do meu dia.

Carregados da mesma expectativa, os norte-americanos moveram-se em força para os cinemas, atingindo o posto de longa-metragem mais vista no fim de semana de estreia. Aliás, no momento em que escrevo esta crítica, o filme já faturou mais de 320 milhões de dólares…é qualquer coisa!

Perante tamanho sucesso, não foi propriamente de espantar que a Universal Pictures tenha anunciado uma sequela. Chris Renaud será novamente o responsável pela direção do novo filme, que contará com o retorno do argumentista Brian Lynch. A sequência será produzida pelo fundador da Illumination Entertainment, Chris Meladandri e pela sua colaboradora, Janet Healy.

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E sim, já há previsão de estreia: 13 de Julho de 2018.

Mas voltemos ao que importa de facto: a crítica!

Em A Vida Secreta dos Nossos Bichos, conhecemos Max (na voz de Louis C.K.), um cão de estimação que não só venera a sua dona, como vive diariamente na intriga de não entender por que é que a sua dona sai de casa de manhã e regressa ao fim do dia. Certa noite ela volta com Duke (Eric Stonestreet), um cãozarrão meio trapalhão que é adotado pela dona. Com a necessidade de partilhar o mesmo apartamento – e os carinhos que eram apenas canalizados para si – Max fica com ciúmes de Duke e quer que ele se vá embora, começando aí uma panóplia de peripécias que os leva a boas encrencas que são resolvidas pela apaixonada de Duke – a pequena Gidget (Jenny Slate).

Então, se o que atrás escrevi teve como propósito evidenciar que A Vida Secreta dos Nossos Bichos foi, de facto, muito procurado pelo público que, aparentemente, estava sedento de uma nova aventura animada de grande sucesso, ficará essa sede resolvida com este filme?

Na minha opinião, não.

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Com um início super bem disposto (que expõe praticamente todos as cenas que já circulavam pela Internet), o filme acaba por prometer um pouco mais do que consegue cumprir e acaba por pairar no ar um tom de desalento por sentirmos que poderíamos estar na presença de um filme muito acima da média. Na verdade, A Vida Secreta dos Nossos Bichos não é mau, ou melhor, é bom! A animação é boa, os personagens são divertidos e o ritmo é bem composto.

É no argumento que se denota maior responsabilidade do quase-sucesso-de-crítica porque é, ao invés de algo original, uma história já vista algumas vezes, promovendo um decrescendo de entusiasmo ao longo dos seus 90 minutos. Para os mais atentos, é impossível não denotar laivos claros de Toy Story (1995) e de Oliver e os seus companheiros (1989) – ou mesmo outros títulos. Note-se só o início da relação de Max e Duke…recordou-me a relação de Woody com Buzz Lightyear de Toy Story.

é difícil sair chateado da sala depois de vermos esta animação de verão

Talvez o problema esteja em gostar-se tanto desses filmes do passado, acabando por ficar no ar a sensação de ver o quanto esses clássicos influenciam as narrativas dos novos filmes, sem que estes nem sempre se consigam distanciar das suas aparentes origens. Mas, não obstante, é difícil sair chateado da sala depois de vermos esta animação de verão.

A relação que as personagem criam com os espectadores é firme e assumem-se, cada uma à sua maneira, como figuras de fácil acolhimento emocional. As vozes, na versão original (a única a que assisti), permite-nos assimilar de forma extremamente bem conseguida os elementos psicológicos e emocionais das personagens, conferindo um enorme entrosamento entre o aspeto gráfico e os sons de cada um. A este aspeto, o alucinado vilão, o coelho Snowball, com a voz de Kevin Hart, eleva-se como uma personagem maravilhosamente dicotómica – ver uma fofura daquelas com ar psicopata, é por demais engraçado.

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A Banda Sonora do filme confere-lhe um ar leve, descomplexado, divertido e bem disposto, bem do jeito que se quer. Os níveis de açúcar – pelos altos índices de fofice – sobem aos píncaros com regularidade (o que é ótimo para intercalar com a diversão). As risadas (ou pelo menos os sorrisos rasgados) são, também, facilmente sacadas ao público – adulto e infantil – sem comprometer a maturidade da animação. E a ação está com uma cadência que não nos deixa espaço para aborrecimentos.

Um ótimo filme de família que, no entanto, e ao contrário do que chegou a ser pensado, não deixa uma marca dantesca nos filmes de animação. Sendo uma das boas ofertas do género, do presente ano, numa competição direta com outras películas cinematográficas do género…duvido que A Vida Secreta dos Nossos Bichos saia vencedora.

Talvez caia, sem que nos apercebamos, naquela lista de bons filmes que vão ficando adormecidos na nossa memória. Nota final para a feliz infelicidade da exibição de uma curta metragem dos Miniones antes do filme… É que tão boa que é, parece deixar A Vida Secreta dos Nossos Bichos uns furos mais abaixo do que o que realmente merece.

Bem-Bom

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Achas que o teu bicho de estimação dava um filme melhor?

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