THOR: RAGNAROK | Crítica

O Deus do Trovão é finalmente honrado.

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T odos os anos as salas de cinema são invadidas pela poderosa franquia no qual o universo cinematográfico da Marvel se tornou. As propostas para 2017 foram Guardiões da Galáxia: Vol. 2 de James Gunn e Homem-Aranha: Regresso a Casa de Jon Watts, cujas estreias atingiram generosos valores nas bilheteiras. Para rejubilo dos fãs, a Marvel encerra o ano com Thor: Ragnarok, o melhor filme do herói nórdico.

O filme realizado por Taika Waititi coloca Thor perante uma nova ameaça: Hela (Cate Blanchett), a Deusa da Morte. O Deus do Trovão, personagem cujo poder sempre fora associado ao seu martelo mágico, vê o seu título ser finalmente dignificado. Quando Hela destrói o Mjölnir, o poder do filho de Odin é libertado. A explosão desse poder mima o espectador com algumas das cenas de ação mais intensas e visualmente grandiosas do filme. Delas são exemplo a batalha entre Thor e Hulk no planeta Sakaar ou o confronto do Deus nórdico com Hela.

Thor: Ragnarok complementa as potencialidades da era digital com as características de uma space opera. Vingam as cores, a luz, os cenários e personagens exóticas e entre outras características eleva-se a composição musical de Mark Mothersbaugh. Foi através da mistura de todos estes componentes que o filme caminhou para um fantástico resultado final.

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Para além dos elementos já enunciados, as personagens e atores que as interpretam têm um peso substancial na narrativa. Surge neste filme a primeira vilã feminina do MCU e a escolha para a interpretar foi Cate Blanchett. A atriz confere uma energia e espírito diabólico fabuloso à personagem. É extravagante sem cair no exagero; é aterrorizadora mas sensual e elegante; e é, tal como Loki (Tom Hiddleston), uma antagonista carismática.

Continuando a oscilar entre ações heróicas e atos de traição, Loki é a personagem que teima em partir e os fãs agradecem. A sua morte em Thor: O Mundo das Trevas foi encenada e Thor: Ragnarok marca o regresso do filho rejeitado de Odin. A química entre Chris Hemsworth Tom Hiddleston continua a exaltar algo de cativante. O modo como os irmãos agem, reagem, e interagem, enriquece a narrativa e parece ser uma fórmula inesgotável.

A primeira vilã do MCU é assombrosa.

A esta relação vêm juntar-se Tessa Thompson, uma valquíria, e Mark Rufallo, o Hulk. O encontro das quatro personagens ocorre no planeta Sakaar, onde Thor é obrigado a lutar contra o seu companheiro Vingador para poder regressar a Asgard e impedir o Ragnarok. Os momentos de confronto entre ambos são excelentes representações da evolução da técnica de captura de movimentos, com as expressões faciais de Hulk cada vez mais próximas das de Rufallo.

Esta sequência, desde a chegada de Thor a Sakaar até à sua partida, é inspirada na banda desenhada Planeta Hulk de Greg Pak Carlo Pagulayan. Esta inspiração é explorada ao ponto de se concentrar maior parte da ação dramática neste planeta. Ragnarok, aquele que seria o mote central do filme, ocupa pouco mais de um terço da ação. O realizador Taika Waititi prioriza Sakaar em detrimento da destruição de Asgard e embora o ritmo dos acontecimentos encaixe perfeitamente nesta decisão, terá sido a melhor?

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Por outro lado, o uso excessivo de gags impediu que este filme fosse tão intenso como poderia ter sido. O primeiro ato introduz desde logo essa atmosfera, com Matt Damon a dar o ar da sua graça. É certo que existem momentos realmente hilariantes e essa é uma das forças de Thor: Ragnarok. Porém, por não se ter distribuído a comédia de modo eficiente, esta também se tornou uma das suas fraquezas.

Determinadas cenas chave do filme, como a batalha final, carregavam uma forte carga emocional e a introdução de gags diminuiu as hipóteses de impacto no espectador. Aliás, as piadas frequentes transmitem a sensação de que, no fundo, a destruição de Asgard não é assim tão trágica. Se a comédia tivesse sido silenciada por instantes ter-se-ia conseguido uma batalha final absolutamente épica. Ter-se-ia conseguido, quiçá, um filme ainda mais empolgante.

Fora isso, este é o melhor dos filmes do herói da Marvel. O Deus do Trovão é finalmente honrado com o auxílio de um arrojado espectáculo de efeitos visuais a condizer com uma fantástica composição sonora. Sem rodeios, Thor: Ragnarok é…

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