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“Call and Response”

UAU! Que fim! Que episódio! Vamos falar sobre cenas específicas. O episódio abre com cenas bucólicas de Annville, a cidade onde toda a série se tem passado. Temos imagens de casas, de pátios, de ruas, de linhas com roupa a secar. Tudo muito bonito. Excelente estabelecimento de espaço e tom para o resto do episódio.

A Tulip a partir a porta do Donnie Schenck e a partir o nariz à mulher dele, com o Jesse a aparecer na outra porta também foi engraçado. A evolução do Donnie Schenck durante a temporada é muito interessante, e à custa das suas interacções com o Jesse, é agora um homem novo e aliado de Jesse. A sua mulher, a Betty, também parece estar do lado deles apesar de ter o nariz partido, e até os ajuda mais à frente a chegarem à igreja. Claro que a Tulip não se importa com nada disso, porque como descobrimos pouco depois, ela continua determinada a vingar-se do Carlos por os ter traído, dizendo ao Jesse que ele tem de o matar.

A sequência de flashback em que vemos exactamente o que aconteceu é muito divertida. É engraçado vermos o Jesse e a Tulip numa fase anterior de si mesmos, e a maneira como interagem é muito honesta. Adorei a química entre os dois. Isso só torna mais dramático o momento em que percebemos que a Tulip estava grávida nessa altura, e que terá sido o choque da traição de Carlos que a fez perder o bebé. É esse o motivo que faz com que a Tulip se queira vingar tanto do Carlos.

A discussão que ela tem com o Jesse é muito intensa, muito difícil, muito bem escrita e interpretada. Depois de Jesse a tentar convencer de que matar o Carlos não vai trazer de volta o bebé deles, ela ainda assim diz-lhe para provar o seu amor matando o Carlos. No último momento, a Tulip muda de ideias e interrompe-o. Esse momento também está muito bem construído, e vemos a transição lenta entre a determinação deles em matar o Carlos, para estarem a gozar com ele, para se prepararem para lhe dar a tareia da vida dele.

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As cenas do Cassidy preso e a ser interrogado pelo Xerife Root são também muito intensas. Vemos que o Xerife Root está cada vez mais perturbado e descarrilado pelo desaparecimento do filho, Eugene. Num crescendo muito bem construído, vemos de que maneira o Xerife Root não só percebeu que o Cassidy é um vampiro, como percebeu que a melhor maneira de o interrogar é ir torturando-o e dando-lhe sangue para ele se curar de novo. O Cassidy, sendo o Cassidy, liga os seus super-poderes de manipulação emocional e começa a acusar o Root de estar pelo menos um bocadinho contente pelo Eugene ter desaparecido. Excelente escrita e interpretações, outra vez.

Até que finalmente chega a cena por que todos, nós e as personagens dentro da série, estávamos à espera: o Jesse vai chamar Deus para aparecer na igreja. Toda a cena de preâmbulo é tão tão boa. O Jesse a tentar fazer com que o telefone funcione, a chamada que não é atendida, toda a gente a sentir-se cada vez mais constrangida. A piada é arrastada durante imenso tempo, quase ao ponto de esse arrasto se tornar uma piada em si mesma.

A determinada altura eu estava mesmo à espera que não fosse funcionar, mas de repente a chamada é atendida! Adoro a representação de Deus no seu trono enquanto fala aos crentes. É uma caricatura perfeita da imagem que habitualmente atribuímos a Deus, e parece tirada de uma animação dos Monty Python.

Toda esta cena desenrola-se num misto de espanto, incredulidade e bizarria. O Jesse começa por fazer perguntas difíceis a Deus, que se zanga momentaneamente, até que o público começa a fazer perguntas que Deus vai respondendo cheio de paciência. Até o Odin Quincannon, aparentemente convertido, lhe pergunta se a filha está com ele no Céu e Deus responde que sim.

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Depois Deus começa a salvar as pessoas na igreja como se fosse a Oprah a oferecer carros à audiência no seu programa, e o Jesse começa realmente a suspeitar de alguma coisa. Pergunta-lhe como é que ele, que abusou do poder do Génesis (como a banda), que enviou o Eugene para o Inferno, pode estar salvo! Quando Deus se começa a engasgar, o Jesse acusa-o de ser um impostor até que finalmente usa o poder do Génesis para obter a verdade.

Os detalhezinhos da ligação começar a quebrar-se, com estática na imagem, são deliciosos. A figura que está sentada no trono de Deus admite que é um impostor, a fazer-se passar por Deus, que nada do que ele disse é verdade! Percebendo que a discrição é a melhor parte da coragem, o Jesse sai de mansinho antes que as fezes proverbiais atinjam a ventoinha divina.

E atingem-na com força.

A Emily começa a tocar uma músiquinha no órgão da igreja, enquanto as pessoas à volta dela começam a destruir a igreja. Acho que nunca vi a Emily tão feliz. Corta para a Emily a explicar aos filhos que não precisam de Deus, que nunca precisaram de Deus e que nada mudou na realidade.

E depois vemos como tudo mudou.

No fim, por terem descoberto que afinal Deus está desaparecido, toda a gente em Annville degenera às suas emoções mais primárias e desejos mais escondidos. É muito interessante especular se as pessoas já eram assim tão más, e a única coisa que as mantinha na linha era a ideia de que havia um Deus a julgá-las, ou se o desaparecimento de Deus do seu trono provoca de facto algum efeito negativo nas pessoas.

As crianças arrancam o pénis ao condutor de autocarro pedófilo, a mãe sufoca a sua filha vegetal, as duas mascotes que passámos a série inteira a ver no fundo de todas as cenas enforcam-se. O Odin Quincannon constrói um boneco da filha feito a partir de carne triturada, demonstrando que ele finalmente caiu na loucura. É uma imagem tão repulsiva e poderosa ao mesmo tempo. “God of Meat” de facto. Chiça!

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O empregado da fábrica, a primeira coisa que faz é contratar uma prostituta para as suas fantasias sexuais, tendo logicamente morrido de enfarte cardíaco. A cena da prostituta com uma mordaça de borracha a tentar reduzir a pressão do gás metano é outro exemplo perfeito do humor mórbido da série. A pressão do gás aumenta e a cidade explode num fim adequadamente bíblico, qual Gomorra a ser julgada.

Vemos também que o Fiore regressa no autocarro do Inferno sozinho! Oh não! E o DeBlanc?! Não!!! Não, estes dois eram o meu casal romântico preferido da série (passaram a ser no episódio anterior). Será que o DeBlanc está definitivamente perdido? Será que isto é uma indicação de que quando o Cowboy mata alguém essa pessoa fica definitivamente e permanentemente morta?

Vemos o nosso trio principal, Jesse, Cassidy e Tulip a planearem uma road-trip, para irem encontrar Deus, e dar-lhe uma tareia se o encontrarem. Se notares bem, esta é a primeira cena na série inteira em que a imagem não está tingida de amarelo. Não há a sensação de calor opressivo do resto da temporada, que associávamos ao setting de Annvile.

Este fim é perfeito, e demonstra mais uma vez a genialidade dos escritores da série (o Seth Rogen está mesmo envolvido com isto? Fico surpreendido todas as vezes que penso nisso).
Estas cenas finais, da destruição de Annville e o início da road-trip, são exactamente as primeiras cenas da BD.

É agora que a história vai começar a sério! No fim, o Cowboy vai atrás do Jesse!!!

O final deixou-te entusiasmado para a segunda temporada?

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