Crítica | Capitão América: Guerra Civil

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Naquele que era um dos filmes mais aguardados do primeiro semestre do ano, Capitão América: Guerra Civil afigura-se como muito mais do que um filme do icónico super-herói de escudo redondo.

Em Capitão América: Guerra Civil temos direito a um manancial de heróis Marvel que nos deixam saciados: Homem de Ferro (Robert Downey Jr), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Soldado de Inverno (Sebastian Stan), Falcão (Anthony Mackie), Máquina da Combate (Don Cheadle), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Visão (Paul Bettany), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Homem-Formiga (Paul Rudd) um interessante Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o tão esperado aparecimento de Homem-Aranha (Tom Holland).

Epá, tantos?! Sim. E se o perigo de que fossem demasiadas personagens para um só filme existia, esse pormenor foi extremamente bem controlado pela equipa de argumentistas (Stephen McFeely e Christopher Markus) e de realizadores (Anthony Russo e Joe Russo) que nos fazem chegar um dos melhores filmes de selo Marvel, capaz de dar a todos (!) os intervenientes um tempo q.b. para não ficarmos tristes ou aborrecidos com nenhum deles.

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De todas as personagens do filme há um que era especialmente esperado, o Homem-Aranha e, verdade seja dita, as expectativas são justas. Tom Holland eleva a personagem a um patamar diferente, novo (literalmente) e repleto de um espírito geek (a piada do Império Contra-Ataca é sublime), exuberância juvenil e inexperiência que faz adivinhar um futuro ultra-promissor para o futuro da saga Homem-Aranha. Palmas para o rapaz e para quem acreditou no seu casting!

Na verdade, aquele que poderia ter sido denominado Vingadores 3 traz-nos um estímulo inicial, orientado por uma premissa bastante comum a outros filmes (o seu teor político chega a recordar, por exemplo, o último filme de James Bond, Spectre) e a sua própria condução não deixa de ser a aplicação de uma receita cinéfila bem conhecida e facilmente associada a este tipo de franquias. Porém, tudo parece fundir-se de forma tão harmoniosa, que eleva a fasquia, conseguindo deixar o espectador desfrutar de todos os momentos que sugere: desde os de tensão, aos de humor e aos da acção…e que acção!

Se estávamos habituados às picardias verbais entre os vários protagonistas, em Capitão América: Guerra Civil, as palavras dão lugar aos actos e é-nos oferecido um festim de acrobacias de combate (algumas muito bem coreógrafas e com planos verdadeiramente imersivos) que nos deixa realmente entusiasmados.

Tal como Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça, da rival DC, o novo filme da Marvel desenrola-se num cenário em que as personagens se vêem envolvidas na necessidade (ou obrigação) de encontrar uma forma de controlar os danos colaterais provenientes das suas intervenções combativas. Mas as semelhanças entre os dois filmes ficam-se por aqui (quase que senti o respirar de alívio de alguns de vocês!).

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Depois de uma batalha, entre os Vingadores e uma equipa de mauzões liderada por Crossbones, provocar várias vítimas mortais na Nigéria, Tony Stark, destroçado pelo sentimento de culpa, acede aos pedidos para os Vingadores se tornarem uma organização ao serviço de um controlo político. Porém, conta com a séria oposição de Steve Rogers (Chris Evans), que assegura que esse passo comprometerá a eficácia e independência da equipa que…entre a conversa de um e de outro, acaba por se dividir. E aí começa a (nossa) diversão que dura duas horas e meia!

Em suma, manietado com grande clarividência, respeito pelos princípios da Banda Desenhada (apesar de se distanciar muito dos sete issues da história, mantém-se fiel ao espírito original) e com claro enfoque no divertimento do público, os Irmãos Russo e a Marvel recordam (uma vez mais) que os filmes de super-heróis não têm que ser sérios e pesados para serem alvo do respeito dos fãs e da crítica (ouviste, DC? Cof cof).