DENTES E GARRAS 2 | Crítica

A criatividade é o limite.

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Em parceria com o Shortcutz Faro, o Cubo Geek faz críticas às curtas-metragens apresentadas a concurso. Esta é uma crítica à curta-metragem Dentes e Garras 2, com realização e argumento de Francisco Lacerda.

Esta é a sequela do filme Dentes e Garras (2014). No ano de estreia o filme invadiu o MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa com um estilo irreverente. Uma combinação entre terror, comédia, sangue, monstros, efeitos práticos e uma edição imagética a aproximar-se do psicadélico. Como apontado pelo realizador, a curta-metragem foi inspirada pelo cinema de série B e trash, particularmente em filmes de terror das décadas de 1970 e 1980. Destas inspirações borbulham nomes como Blood Sucking Freaks (1976) ou Criaturas das Profundezas (1980).

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Os ingredientes que compunham e definiam o esqueleto do primeiro filme mantiveram-se bem vincados na sequela, Dentes e Garras 2. Indo ao encontro dos atributos do cinema trash, o filme é um constante incentivo ao riso por força do exagero e ridicularização dos momentos pautados pelo terror. Por outro lado, poderá despertar associações a algumas das obras do cineasta Edgar Pêra devido à dimensão psicadélica que determinadas cenas adquirem.

Não sendo apreciadora do género, admito uma eventual falta de sensibilidade à curta-metragem em análise. Drogas, violência e gritaria embrulhadas num contexto de terror cómico pouco ou nada me entusiasmam. Embora os aspectos formais e narrativos sejam preponderantes no olhar sobre o filme, impera sobretudo um olhar pessoal. Por esse motivo, e não retirando qualquer mérito ao trabalho de Francisco LacerdaDentes e Garras 2 não é um filme que aprecie.

É, todavia, um exercício interessante na sua dimensão de homenagem de um género e celebração de um estilo. Nomeado para o prémio de Melhor Curta de Terror Portuguesa na décima edição do MOLTEX, em 2016, o filme de Francisco Lacerda é, efectivamente, um exercício irreverente e audaz. Enquanto produção independente, com orçamento baixo e recursos limitados, o filme é um exemplo de que a criatividade é o limite.

Conheces o trabalho de Francisco Lacerda?