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Spoilers!!

Agora que já toda a gente teve tempo de ver Star Wars: O Despertar da Força, podemos finalmente falar mais à vontade das melhores coisas do filme.

Já falámos de quão bons são os heróis de O Despertar da Força, portanto agora está na altura de falarmos dos vilões.

Os vilões num filme servem primariamente a função de antagonistas. Estão lá para criar complicações aos heróis, dificultando-lhes a vida, impedindo-os de resolver o conflito do filme. Mas um vilão bem escrito pode tornar-se numa personagem verdadeiramente interessante, pelo menos tão complexa e profunda quanto os heróis.

Vamos então falar dos vilões d’O Despertar da Força.

Captain Phasma

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Coitadinha da Captain Phasma. Contrariamente ao que nos tinha sido vendido nos trailers e materiais promocionais, a personagem interpretada por Gwendoline Christie tem pouco mais do que 5 minutos de tempo de ecrã. Aparece a ser má para o Finn, e depois aparece a ser obrigada a desligar os escudos da Base Starkiller. O que é uma pena, porque a Captain Phasma parecia ser uma personagem muito badass, com uma armadura de Stormtrooper prateada e tudo! Infelizmente não realiza nenhuma das suas promessas de badassery.

Por outro lado já está confirmado que a Captain Phasma voltará a aparecer no Episódio VIII, e de certeza que não vai estar contente por a terem enfiado num compactador de lixo.

General Hux

Hux
Gostei imenso do General Hux, apesar deste também ter muito pouco tempo de ecrã. Domhnall Gleeson dá-nos uma interpretação sólida de um jovem general que anda a flutuar entre o fanaticismo e a competência impiedosa.

O discurso do General Hux antes da Base Starkiller ser disparada é poderoso e carismático, e bordeja o histerismo hitleriano. Toda a estética da First Order é, aliás, ainda mais reminiscente dos Nazis do que o Império nos filmes anteriores.

É muito interessante que o General Hux esteja ao mesmo nível hierárquico que Kylo Ren, e que se possa queixar ao Supremo Líder Snoke dos erros de Kylo Ren. Isso põe as duas personagens num pé de igualdade que certamente levará a conflitos muito divertidos de se ver.

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Da mesma forma que a Captain Phasma, com a destruição da Base Starkiller, o General Hux tem agora algo a provar nas próximas sequelas. Tenho imensa curiosidade em ver para onde vai esta personagem e espero que venha a transformar-se numa espécie de General Tarkin.

Kylo Ren

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Kylo Ren é o vilão que todos os escritores querem escrever. Há tantas coisas boas a acontecerem com Kylo Ren que tenho dificuldade em escolher uma por onde começar.

Acho que em primeiro lugar temos de falar do quão poderoso ele é com a Força. O filme não perde tempo nenhum em demonstrar o poder dele, quando ele pára o laser de um Blaster no ar, mantendo-o lá enquanto casualmente mantém uma conversa. Usar a força para ler mentes é igualmente inédito nos filmes, e indicativo da mestria dele com a Força.

Ditas estas coisas, é óbvio que Kylo Ren ainda, maravilhosamente interpretado por Adam Driver, não é um Mestre. O estilo dele não é refinado, o treino dele não está completo. Ren compensa isso com força bruta e violência. Nunca vimos ninguém a usar a Força de forma tão agressiva, e o filme parece não estar a coibir-se de mostrar violência.

Para além disso, Kylo Ren é claramente imaturo e inexperiente, e o filme faz um bom trabalho a insinuar isso. A quantidade de respostas pouco respeitosas que ele recebe dos oficiais é evidência disso. Eles sabem que ele tem poder, mas não o respeitam por isso. Darth Vader ter-lhes-ia arrancado o esófago pelo esterno por metade das coisas que eles dizem a Kylo Ren. Porque como o próprio Kylo Ren afirma, está a tentar emular o Darth Vader. Mas está a fazê-lo de uma forma “amadora”, como se se estivesse a esforçar demasiado e mesmo assim não o consegue.

Ele tenta projectar uma imagem de brutalidade e força, mas depois claramente isso não está lá tudo. Como com a máscara dele, de que ele claramente não precisa, que está lá só para o aspecto. Atrás da máscara está uma carinha laroca.

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Ele tem aquele sabre de luz gigante, claramente a sobre-compensar alguma coisa, que é obviamente difícil de usar e mal afinado. Tem uma capa, que ele provavelmente pensa que é badass, mas só o atrapalhou na luta final. Ele nem conseguiu puxar o sabre de luz da neve e perdeu-o contra uma novata. Kylo Ren não é o badass que pensa que é.

O truque de ler as mentes é fixe, mas mesmo esse é acompanhado de um efeito sonoro estranho, que parece indiciar que é uma coisa volátil, que ele não controla totalmente, de tal maneira que nem consegue que seja eficaz contra Rey.

Todo o filme o carateriza como uma espécie de wannabe, ou seja, exactamente o tipo de pessoa que seria seduzida pelo Lado Negro da Força. Ele não tem disciplina, portanto usa todos os atalhos.

Kylo Ren demonstra mais raiva do que a que vimos em qualquer outro filme de Star Wars. Ele faz duas birras, destruindo o quarto onde está com o sabre de luz como uma criança a bater nas coisas com um pau. Kylo Ren tem falhas, é inseguro, obcecado com Vader, incerto acerca de si mesmo. É uma pessoa extremamente confusa e desorganizada e isso é excelente!

Grande parte desta insegurança e confusão vem provavelmente do conflito que Kylo Ren sente entre o lado Bom e o Lado Negro da Força dentro dele. É aqui que Adam Driver mostra a qualidade da sua interpretação, ao dar a Kylo Ren uma subtileza que transmite perfeitamente esse conflito interno e a angústia de não ter a certeza de estar a tomar as decisões certas. A origem desse conflito foi vagamente aludida durante o filme, e é razoável suspeitar que terá sido ele o aprendiz que destruiu a academia de Jedis que Luke Skywalker estava a tentar construir. Essa revelação será certamente um ponto focal da sua história nos próximos filmes.

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O conflito de Ren atinge o seu pico quando se vê confrontado com o seu pai, Han Solo. Não me vou alongar muito com essa cena, porque preciso de um artigo só para falar dela. A composição, a luz, o diálogo nessa cena são brilhantes.

Para aqueles de nós que viram o Episódio IV: Uma Nova Esperança, o resultado da cena era bastante previsível, mas mesmo assim Adam Driver fez-me acreditar durante alguns momentos que ia mesmo dar o seu sabre de luz ao pai. Raios Adam Driver! Porque é que brincas assim com as minhas emoções!

No fim, ao matar o seu Pai, Kylo Ren resolve o seu conflito ficando definitivamente preso ao Lado Negro da Força. A partir deste momento, a personagem é quase irredimível. Isso é uma coisa boa, porque Kylo Ren já é um excelente vilão, que, eu acho, seria estragado por mais uma aborrecida história de redenção. Esse acto dá também imensa profundidade a Kylo Ren, e proporciona uma excelente motivação para o enredo de Rey.

No fim, temos aquela fantástica luta de sabres de luz na floresta, durante a noite, com a neve a cair. Juro que parece uma coisa saída de um filme do Tarantino ou de um western (vale a pena relembrar que a ideia original de George Lucas ao criar Star Wars era fazer um western no espaço).

Quero voltar a frisar o quão brutal e violenta é essa luta de sabres. Não há cá a ginástica e o kung-fu dos sabres de luz rotatórios das prequelas.

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Esta luta é intensa, emocional, e até à morte.

Gostei imenso do pormenor de Kylo Ren a esmurrar a sua ferida no flanco. Ele está claramente a infligir dor a si mesmo para alimentar o seu poder. Isto, no entanto, só nos diz ainda mais que Kylo Ren é instável e inconsistente. Ele está a dar a si mesmo uma solução rápida quando percebe que a luta não está a ir a favor dele. É claro que a sua fúria e raiva não estão internalizadas, e que em vez disso ele deixa-as escapar em surtos de emoção em momentos inoportunos.

Mais uma vez é isto que torna Kylo Ren um vilão tão interessante. Ele não é um Sith estabelecido/bem treinado como todos os outros Sith que encontrámos até agora. Ele é o que o Anakin Skywalker devia ter sido no Episódio III. Neste momento ele é o oposto de Darth Vader. A sua vulnerabilidade e raiva tornam-no instável, imprevisível e extremamente perigoso.

Quando o Líder Supremo Snoke terminar o seu treino, vamos ver uma transformação do Jedi adolescente, angustiado e cheio de conflitos que ele é agora, para um Sith badass, alimentado por uma fúria calma, e infinitamente mais ameaçador.

É fantástico que neste Star Wars possamos assistir ao desenvolvimento não só dos heróis, mas também dos vilões.

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