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O que é que achaste da série animada Castlevania da Netflix? Eu adorei! Expandiu a história apresentada nos videojogos, mantendo-se mesmo assim fiel à fonte. A atmosfera negra ajudou imenso a trazer a sua identidade ao de cima. E isto tudo num estilo animado baseado na arte fantástica de Ayami Kojima, o que há para não gostar?… Não te atrevas a responder, eu quero manter-me bem disposto.

O primeiro episódio, que serviu para introduzir a backstory de Drácula e o seu papel como antagonista principal, foi baseado em vários segmentos de Symphony of the Night, como a execução de Lisa ou o laboratório do conde. Vindo também deste videojogo foi o motivo dos objectivos de Alucard, como um dos protagonistas da série. Mas o foco deste artigo não será este grande Castlevania da Era da Playstation. Fui buscar aquele cartucho cinzento desnecessariamente grande, a NES, e revisitei de onde a série foi adaptada, Castlevania III: Dracula’s Curse.

Se não estás muito familiarizado com esta franquia deixa-me fazer uma breve introdução. Castlevania é uma série de videojogos de plataforma com temática gótica, focada na sua maior parte no clã Belmont, uma família de caçadores de vampiros e na sua luta contra as forças das trevas controladas por Drácula. Em toda a série jogamos no papel de várias gerações dos Belmont, desde do século 11 até aos tempos modernos. E acredita, eles são mesmo, mas mesmo muitos, ao ponto de dar para fazer ai uma battle royal com a opinião dos fãs sobre qual deles é o melhor (Já agora, a resposta certa para este dilema é “Richter”).

E antes de avançarmos mais, quero só deixar um aviso. O que estou a falar aqui é informação que tem cerca de 30 anos e é referenciada em inúmeros videojogos e outros materiais suplementares. Mas tudo o que vem escrito a seguir poderá revelar algum possível spoiler de algum futuro episódio da série. Agora que as minhas mãos foram lavadas, podemos prosseguir.

O herói dos dois primeiros videojogos é Simon Belmont. Na primeira vez que jogamos com ele é numa experiencial linear por níveis sequenciais que apesar de simplista resultou muito bem. A sequela foi uma espécie de “Metroidvania” protótipo que não resultou assim tanto. Castlevania III deu um passo atrás e voltou ao estilo do 1º videojogo, mas isso não implica que não houve qualquer tipo de inovação. Em vez do protagonista ser Simon, voltamos atrás no tempo e jogamos com Trevor, o seu antepassado. A jogabilidade dele é a típica de um Belmont da série clássica. Ele ataca com um chicote (que pode levar alguns upgrades) e várias armas auxiliares como facas, água benta, machados e outros. Trevor usa este mesmo reportório na série animada e em situações em que fazem sentido na narrativa, devo acrescentar.

Destas últimas podes encontrá-las espalhadas pelo jogo, só podes levar uma de cada vez e estão limitadas pela munição que tens em forma de corações, encontrada por destruir velas. Sim, soa estranho, mas é algo que marcou a identidade de Castlevania e alvo de várias paródias dos fãs durante várias décadas.

E deixa-me dizer, Castlevania clássico é difícil… Muito difícil mesmo. As várias criaturas da noite têm padrões de ataque por vezes difíceis de evitar (as famosas cabeças de medusa, por exemplo). Não consegues controlar o salto depois de sair do chão e a nossa personagem fica mesmo muito vulnerável quando estamos em escadas, caindo muitas vezes na morte certa quando somos atacados. Pode soar muito injusto, mas é fácil de adaptar a este tipo de controlo e ajuda na ideia que somos apenas um humano contra as poderosas forças das Trevas. Castlevania III deve ser o videojogo mais difícil da franquia, temos mesmo de usar o arsenal a que temos acesso de forma inteligente e ainda bem que este aqui tem sistema de passwords… Senão era mesmo de arrancar os cabelos.

A primeira parte passa-se nos arredores do castelo do Conde, onde no final de alguns dos níveis podemos escolher por que caminho prosseguir até chegar ao lar desta terrível criatura da noite, dando acesso a níveis completamente diferentes dependendo da opção tomada. Isto dá uma variedade maior que a primeira aventura e incentiva a passar este videojogo várias vezes para percorrer tudo.

Mas o mais interessante nisto é que dependendo das tuas decisões podes recrutar novas personagens jogáveis espalhadas pelos diferentes ramos que podes alternar com Trevor, apenas com um toque de um botão sempre que quiseres. Sequelas e outros materiais extras dizem que este grupo lutou todo junto, mas dentro do videojogo só podes levar um destes companheiros contigo. Eles são Alucard, Sypha Belnades e Grant Danasty.

Alucard é filho de Drácula e ele próprio também um vampiro. Possivelmente a personagem de Castlevania mais popular de sempre. O seu aspecto de aristocrata sensual e espadachim badass agrada a Gregos e Troianos. Mas aqui na sua estreia, era completamente diferente do que estamos habituados e é um bom símbolo do que esta franquia evoluiu com o passar do tempo. Tal como tudo no que está nos Castlevania  da NES, a aparência de Alucard vem dos antigos filmes de vampiros. Ele aqui parece um mini Béla Lugosi. Ele ataca com as chamas de Drácula, com vários upgrades no lugar da sua icónica espada. A sua grande vantagem é o poder de se transformar em morcego, enquanto a “munição” durar o que ajuda a voar facilmente por secções dolorosas.

Sypha é uma feiticeira e uma agente da igreja. No lugar das armas auxiliares ela usa vários feitiços como chamas e gelo. Óptimos para manter a distância dos obstáculos. A minha personagem favorita para acompanhar Trevor que tem um estilo de jogo diferente e não parece que estamos a aldrabar muito enquanto jogamos. Na versão inglesa ela disfarça-se de homem para evitar ser queimada como bruxa (No Japão, o seu sexo é simplesmente ocultado).

Esta narrativa apenas foi escolhida devido a termos técnicos. O texto que pergunta ao jogador se quer levar uma personagem para acompanhar Trevor referencia sempre a personagem como sendo masculina para poupar espaço que na altura era muito limitado. E esse tipo de decisão ainda afecta um pouco a personagem nos dias de hoje, como algum diálogo e o seu aspecto no desenho animado. Na série, como deves saber, já não trabalha para a igreja. Era mesmo algo que não fazia sentido nenhum. Afinal Trevor é excomungado tanto no videojogo como na série e se a companheira está do lado da igreja para quê ter medo de ser executada?

E por fim temos Grant (quem?) que realmente ficou com a pior das rifas. Alucard sendo imortal consegue marcar a sua presença ao lado de várias gerações de caçadores. Sypha ficou a fazer parte do clã Belmont, onde continuou esta mesma linhagem com Trevor. Este pobre bandido é muitas vezes esquecido e foi totalmente removido na adaptação (pelo menos por agora…). Ele consegue andar pelo tecto e consegue controlar o seu salto depois de sair do chão! Que loucura!

Para usar Alucard em Castlevania III temos que lutar contra ele primeiro, e no caso de Sypha temos que derrotar um Ciclope a guardar a sua estátua de pedra. Estes dois momentos foram usados na animação, não só para introduzir estes novos companheiros, mas também para apresentar de forma inteligente quem são os Belmont como caçadores experientes.

A parte final, como é de esperar, passa-se dentro castelo. Aqui os níveis já são sequenciais com um mapa no inicio de cada um deles, tal e qual o 1º Castlevania. Alias a música da entrada é a famosa do 1º nível desta franquia. Mas claro que não é tão grande como o original que se passa todo dentro deste edifício. Aqui encontramos outra personagem recorrente importante, o braço direito do conde, a Morte. E no fim de tudo, no anexo à torre icónica que é sempre visível no exterior, temos a batalha final contra Drácula, com três fases distintas. Três! Não deve haver desafio maior que este. Provavelmente estes serão parte dos momentos principais que iremos ver durante a segunda temporada.

Mas não nos podemos esquecer do som, o pacote está recheado de músicas fantásticas de 8-bit que marcaram toda a franquia. Talvez não tão conhecidas como “Bloody Tears” mas estão ao mesmo nível em termos de qualidade. Talvez das poucas coisas que a versão da Netflix peca é neste departamento e é um sentimento comum a quem está familiarizado com este universo.

Jogar Castlevania III é algo que já não faço há muito tempo, prefiro voltar para o Rondo of Blood e o Symphony of the Night que são os meus favoritos. Mas tive uma visita bem agradável e fiquei mais agarrado do que estava a espera. Deu para ver como a série cresceu desde que foi criada e como evoluiu desde aqui e o impacto que teve nesta industria. E deu também para perceber porque muita gente considera este o melhor da série e o carinho que algumas pessoas têm por esta aventura, que incluem aqueles que trabalharam nesta produção mais recente.

Qual é o teu Castlevania favorito?

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Sou um mago vermelho da cromice, com pontos alocados principalmente nos videojogos. Adoro o ar livre e esticar as pernas.

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