THE FALL | Crítica

A história de uma IA que fará de tudo para salvar uma vida humana.

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Por Joana Sousa escritor/a em SOMOSGEEKS.PT
http://joanasvsousa3.wixsite.com/joanasousa
A minha paixão pelo Cinema e Videojogos levou-me pelos caminhos da Animação e Pós-Produção e a cobrir essas áreas aqui...

The Fall chega finalmente à Nintendo Switch, 4 anos após o seu primeiro lançamento. Este videojogo desenvolvido pelo estúdio Over The Moon é um indie de acção e aventura em estilo side-scroll de plataformas, que também só neste ano é que recebeu, finalmente, a sua sequela. Uma vez que fizemos a cobertura do lançamento de The Fall Part 2: Unbound há uns meses, eu não poderia deixar de aproveitar esta oportunidade para trazer-te a crítica do seu título anterior.

The Fall tem como premissa colocar-te no lugar de uma Inteligência Artificial que opera num fato de combate espacial electrónico pilotado por um humano. Arid, a IA, é digamos uma espécie de J.A.R.V.I.S que acorda num planeta estranho após despenhar-se. O acidente deixa-a em mau estado, e numa primeira tentativa de interceptar o seu piloto, Arid descobre sinais vitais muito fracos. Assim parte nesta aventura com um objectivo bem definido, pelos seus parâmetros operacionais de sistema: “salvar o seu piloto”. Esta é a sua máxima acima de tudo, mas no entanto Arid possui outros parâmetros que lhe vão dificultar imenso essa tarefa: “ser obediente” e “não mentir”.

A princípio esta história não me dizia muito, mas o longo do videojogo a complexidade deste plot foi desabrochando e mostrando-se ser algo mais. Partindo de uma premissa tão simples, nunca imaginaria a verdadeira profundidade deste videojogo. O sítio onde aterramos tem uma história muito própria e de certa forma ligada à cultura de onde Arid é originária. IAs deambulam nestes cenários, cheios de segredos e surpresas macabras. Logo nos primeiros momentos do videojogo, o jogador pode sentir que se passa algo de muito estranho, e a curiosidade não pára de crescer a partir daí. Logo questionamos-nos um pouco sobre como é que conseguiremos cumprir a nossa missão se formos totalmente fiéis aos parâmetros da Arid, e não nos tentarmos adaptar como os seres humanos fazem naturalmente.

The Fall apesar de ser um videojogo que se sente vazio e algo simples em termos de mecânicas e puzzles, tem personagens muito fortes e bem construídas. Sendo que sinto que Hank merece sem dúvida um destaque nesta crítica pela forma como consegue comunicar e criar um laço com o jogador. É uma espécie de Hal mais evoluído que ganha a empatia do jogador. “I’m sorry Dave. I’m afraid I can’t do that.” Algo que Arid não consegue conquistar. No fundo, o videojogo leva-nos pelo caminho das máquinas que se tornam conscientes e mostra-nos o que é que elas têm de fazer para se tornarem independentes e não serem desmanteladas por causa dessas “falha de sistema”.

Sem esperar, a história envolveu-me com cada novo detalhe a deixar-me intrigada e à procura por respostas que se foram desenrolando a bom ritmo. O videojogo faz-te andar de um lado para o outro à procura de pistas, a colectar coisas, solucionar puzzles, cooperar com os desafios que tens de enfrentar. Mas ao mesmo passo, tens de te lembrar que a Arid tem de corresponder àqueles parâmetros que já mencionei e que a vida de um ser humano depende de ti. Neste ponto acho que podiam mesmo ter tentado reforçar ainda mais este sentido no videojogo. A ideia da evolução da consciência dela é sem dúvida o que os developers tinham em foco, mas toda a parte emocional que deveria existir é completamente posta de parte.

Em termos de jogabilidade, a início foi difícil habituar-me a controlar a Arid, metade por teimosia minha, e outra metade porque os controlos são mesmo tão poucos que parece que tiveram de arranjar alguma criatividade para nos chatearem um pouco. A minha maior luta com os controlos foi o facto de só conseguires interagir com seja o que for se ligares uma lanterna que Arid tem em sua posse.

Sendo que o videojogo é uma espécie de point and click, pelo que precisas de interagir muitas vezes, sem essa lanterna, a personagem é completamente inútil, só podendo andar e saltar. A personagem também consegue alternar ainda para possuir uma arma que tens de primeiro carregá-la antes de disparar. Resultado, tens que andar sempre a sacar da lanterna porque volta e meia quando tiveste uma interacção a personagem guardou-a consigo. Mais valia deixar isto sempre implementado porque a certo ponto torna-se chato.

Falemos agora um pouco sobre a arte deste videojogo. Sendo The Fall um videojogo com grafismos 2D inspirados em Monkey Island e Super Metroid com cores planas, conjuga um ambiente Sci-fi pós-apocalíptico com um UI muito tecnológico. Esse é cheio de glitches propositados para darem o efeito que os próprios menus do jogador sofreram danos com o início abrupto do videojogo. O visual dos cenários apesar de simplista, mostra alguns detalhes que facilmente podem escapar aos olhos menos atentos, como sangue a escorrer, entre outras coisas…

A animação é funcional e como não poderia deixar de ser, muito mecânica, com muitas pausas, o que por um lado por ser facilmente desculpado pelas personagens em si serem máquinas ambulantes e por outro pela inspiração old school empregue neste videojogo. Detalhes como a electricidade a ser conduzida através do corpo de certos tipos de robôs, são animações mesmo minimalistas. A última luta com o boss é então mesmo poupada, com o personagem a ter pouco mais de uma mão cheia de animações durante a luta e no entanto numa dessas animações…ele não faz grande coisa.

Também a banda sonora reflecte uma vibe típica de videojogos mais retro, com uma simplicidade rítmica e repetitiva, muito electrónica. A tonalidade inspira profundidade e mistério, bebendo dos seus cenários pós-apocalípticos e dando espaço para os gráficos respirarem. Ao longo do videojogo, tens ainda uma opção nos settings para activares e ouvires os comentários dos developers que te acompanharão nesta aventura, tentando explicar-te o que pretendiam que sentisses em cada cena. Contudo os comentários dão spoilers e são um bocado intrusivos.

A nível de performance lembro-me que era frequente noutros sistemas o videojogo ter bugs em que deixavas de ver objectos ou de poder fazer uma determinada interacção com algo, pelo que a única solução era reiniciar o videojogo. Bem gostava de dizer que não tive nenhuma experiência destas neste port, mas facto é que tive, mas só uma única vez. De resto a minha experiência correu normal e fluidamente.

Em suma, The Fall consegue motivar o jogador com a sua história complexa e ambiente envolvente. Respira vivamente das suas influências retro, contudo não é um videojogo muito desafiante, pois é muito directo e muito rápido de se passar. Tens sempre noção do que tem que ser feito para seguires em frente. À base disso, torna-se muito simples e também sente-se um pouco vazio. Acho que a sua sequela é bem mais rica em termos de conteúdo e experiência.

The Fall já está disponível para Steam, Nintendo WiiU, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

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