THE SPECTRUM RETREAT | Crítica

"Certos sítios são como as pessoas, uns brilham, os outros não."

76

Há cerca de dois anos, nos prémios BAFTA, um jovem (mais novo que eu até), chamado Dan Smith ganhou um BAFTA na categoria de Young Game Designers, destacando-se pelo mistério que a sua narrativa desenvolve, remontando ao The Overlook do clássico de Stephen King, The Shining.

Com uma forte inspiração na série Portal, a Ripstone entrou em cena para ajudar na produção e lançamento do videojogo no mundo comercial. Para alguém com 20 anos (18 na altura), este é um feito que se destaca na indústria dos videojogos. Destaco aqui a perseverança de Dan Smith, levando a sua avante em direcção ao mundo dos videojogos, e que belo produto que nos trouxe.

[irp]

The Spectrum Retreat transporta-nos para o Penrose Hotel, sem sabermos o porquê de lá estarmos, como lá chegámos, ou como sequer vamos sair. Simplesmente acordamos num resort que se adapta aos hóspedes. Com a ajuda de uma senhora, somos guiados na história enquanto deambulamos pelos corredores repletos de arte do Penrose e, ao mesmo tempo, vamos resolvendo puzzles à base de cores com uma forte inspiração do famoso videojogo Portal.

Com uma banda sonora minimalista, esta providencia-nos um ambiente adequado ao local misterioso onde nos encontramos. O som em si é bastante reduzido, de forma a concentrar o jogador no enredo e na resolução dos puzzles, com apenas a intervenção da tal senhora para nos ir guiando ao longo da história.

[irp]

Assim que acordamos no Penrose, denotamos uma arte futurista, mas que ao mesmo tempo mantém o look clássico dos hotéis que tanto vemos nos filmes. Com bastantes elementos que nos transportam anos para o futuro, a decoração dos corredores remete-nos para os anos 50 e 60, onde passamos bastante tempo a observar a arte que lá se encontra. As personagens são androids, pelo que o detalhe não é enfatizado nas mesmas, apenas se ficam pelo minimalista, o que não é mau de todo, concentram-se apenas mais na história.

A história em si tem algumas falhas, não são plot holes fulcrais, mas no entanto estas estão de certa forma salientes para quem decide aprofundar tudo o que lhe é dito no videojogo. A juntar a isto temos certas personagens que não correspondem à seriedade que a narrativa transmite no que toca à actuação, nada perturbador, mas que podia ter sido mais trabalhado. Posso, no entanto, dizer que a história e as actuações são o que torna este videojogo algo mais do que um simples puzzler.

Os puzzles são a alma do negócio, com bastante ênfase na profundidade que cada puzzle tem, estes tornam um videojogo com uma duração reduzida (6-7 horas) em potencialmente algo que nos agarre durante uma boa dúzia de horas. Os puzzles são algo bastante simples, apenas precisamos de acertar com as cores para podermos prosseguir, mas o facto de ser simples não quer dizer que seja fácil.

[irp]

Estes puzzles encontram-se atrás de cada porta do Penrose, ao completarmos os mesmos somos imediatamente transportados de volta para o hotel por termos desbloqueado o piso seguinte. Destaco aqui a possibilidade de podermos saltar a parte em que andamos até à porta seguinte. Apesar de saber que é suposto acontecer para sentirmos a imersão, muitas vezes suspirei de alívio por o poder fazer pois já estava um bocado farto de ver as paredes do hotel, por muito bonitas que fossem.

The Spectrum Retreat traz consigo uma lufada no mundo dos puzzlers, com uma narrativa que transcende bastantes títulos que têm surgido no mesmo género. Consegue manter uma coerência no porquê de estarmos a fazer o que fazemos. É verdade que os puzzles por vezes não desenvolvem e sentimos que estamos a fazer o mesmo vezes e vezes sem conta mas isto não impede ninguém de desfrutar desta bela experiência cujo preço até é bastante justo tendo em conta os padrões actuais da indústria.

The Spectrum Retreat já está disponível para Xbox One, Playstation 4, Nintendo Switch e na Steam para PC.

Vais tirar umas férias no Penrose Hotel?