BLANKETS | Crítica

Uma lição de vida.

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Blankets é uma BD escrita por Craig Thompson em 2003, tendo recolhido inúmeros prémios desde essa data, mas o mais importante dos prémios…terá sido a marca que deixou no coração de todos os leitores.

A obra retrata-nos a vida de um rapaz que vive numa pequena cidade, de seu nome Craig, este descende de uma família católica e que foi vítima de bullying na sua infância. Acompanhamos o seu crescimento desde tenra idade até ao abandono do seu lar rumo à universidade, a obra foca-se nos seus relacionamentos, nas suas perdas, nas suas revoltas e nas suas conquistas…em resumo no seu crescimento.

Craig enfrenta vários problemas durante o seu crescimento e este crescimento acaba por moldar a sua visão sobre o mundo mas, no entanto, permanecem algumas dúvidas de existência, de confrontos com o irmão em criança, de lutas consigo próprio durante a adolescência, etc. São abordados temas como relacionamento familiar, sexualidade, religião, amor, temas este que são debatidos no íntimo da personagem principal. Tal como todos nós, a certo ponto Craig sente-se perdido na vida, o que faz com que nós, leitores, nos revejamos nele… E é nestas confusas simplicidades da vida que o livro funciona como uma espécie de palmadinha nas costas, uma espécie de “been there, done that” a todos nós.

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Ao longo desta obra vemos várias transformações na personagem: os dogmas religiosos dão lugar a uma aproximação mais humana e mais sentimental, as amizades dão lugares a amores e, consequentemente, esses amores dão lugar a sentimentos de perda e revolta. O autor é honestamente brutal e cru no que toca a este tipo de situações, o que acaba por ser um dos pontos mais fortes desta obra: a forma honesta e natural com que Craig descreve pontos fulcrais da vida, consegue expor dúvidas, criar momentos de alegria e tragédia. Quando damos por nós, estamos a reviver momentos da nossa própria vida! O autor aconselha-nos a viver, e a deixar uma marca no que fazemos, por mais que essa marca seja efémera ou insignificante. Por exemplo um primeiro amor que nos parece tudo, a certo ponto poderá desaparecer da nossa mente, mas acaba sempre por nos colocar um sorriso na cara quando o revivemos.

Mais que tudo esta obra é uma espécie de reflexão sobre a vida por parte do autor, na qual todos nós de certa forma nos refletimos. Num ponto mais pessoal, esta obra foi capaz de me colocar uma lágrima no olho e passados meros segundos, um sorriso na cara… Para mim, foi de forma resumida, uma viagem a tempos mais simples, da infância à adolescência, focando-se em pontos de uma simplicidade tal que penso que todos nos podemos rever.

Em conclusão, esta obra é feita de sorrisos e de lágrimas, tal como a vida de todos nós, e é essencialmente uma lição de vida! Uma lição sobre o chamado “coming of age”, o amadurecer enquanto pessoa e enquanto individuo.

Já leste Blankets?