DIVINA POR SANGUE | Crítica

Ficámos rendidos a esta história!

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Divina por Sangue pertence à trilogia Divina de P.C. Cast. Desta vez, Cast não nos trouxe uma história elaborada com a sua co-autora, a sua filha, Kristin Cast, como em A Casa da Noite.

Ao longo de três livros, o universo de Partholon é-nos descrito através dos olhos de diversas personagens. Apesar de ser uma trilogia, não senti a necessidade de ler os livros anteriores, uma vez que muitas coisas que aconteceram no passado são relembradas, além de que a protagonista de Divina por Sangue está directamente ligada às restantes protagonistas. Contudo, tive o prazer de ler os outros livros, que estão repletos de detalhes, e talvez não tenha sentido essa necessidade por os ter lido, mesmo que tudo o que acontece na última obra deve-se à ligação existente entre as Divinas, como gosto de chamá-las.

Segundo a pseudo-história cristã irlandesa, Partholon foi um grego, líder do segundo grupo de pessoas a se estabelecer na Irlanda, após o Dilúvio. Daí a relação com a mitologia celta iniciada no primeiro livro. A mesma não é muito complexa ao longo da trilogia, baseia-se em deuses bons e maus, onde Eponina tem uma importância semelhante a Zeus. Porém, Cast decidiu não complicar muito este elemento que é essencial à história.

Sendo eu aficionada por mitologia, mas sabendo pouco mais do que um comum mortal, não perdi a oportunidade de ler as aventuras de Morrigan, a protagonista. Tal como nos livros anteriores, este também se encontra tripartido. De certa forma, a divisão age como uma orientação para o leitor, para que compreenda que houve uma evolução e que uma nova fase se inicia na trama. Contudo, a autora foi capaz de dividir a história sem que isso seja perceptível, ou seja, não há quebras bruscas, acontecimentos repentinos ou avanços temporais.

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Para além disso, é utilizado um narrador omnisciente, excepto nos capítulos narrados pela própria Shannon, tal como no primeiro livro onde é protagonista. Este tipo de narrador foi a escolha acertada para esta história, uma vez que é necessária a descrição de muitos sentimentos que Morrigan não conseguiria descrever, pois nem ela o saberia fazer, e locais muito pormenorizados, tal como a Usgaran. Tal foi também relevante para a inexistência de hesitações.

Agradou-me bastante o facto de a autora não inventar mil e uma maneiras de evitar a morte (ou várias) para dar aquele cliché de “…e viveram felizes para sempre…”, até porque certos acontecimentos trágicos são necessários para o desenvolvimento da história e do carácter de certas personagens.

Devo confessar que o humor foi o que mais me agradou neste livro. Apesar de haver muitas retratações cinemáticas, e não só, de seres mitológicos e lendários, algumas personagens ainda se conseguem surpreender com a existência de centauros, o que leva a um alívio cómico muito bem-vindo e extremamente bem elaborado. Esse alívio cómico advém também dos habitantes de Partholon que têm certos termos, expressões, comportamentos e até gestos que são completamente diferentes dos “nossos” e levam a momentos engraçados.

Sendo assim, Divina por Sangue proporciona uma leitura leve e fluída, que consegue agarrar o leitor de tal maneira que chegámos até a desejar que existissem centauros neste mundo. O resto é assunto dos deuses…

Já conhecias a trilogia Divina?