RAVEN | Crítica Do 1º Volume

Uma história com grande moral.

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Sou daquelas pessoas que provavelmente, tal como tu, via Teen Titans quando era mais nova e quando ainda era transmitido em sinal aberto. Também sabemos que esses canais estavam e estão constantemente a mudar os horários de transmissão, então ficava um pouco difícil de acompanhar o que quer que fosse. Por isso, eu sempre considerei a Raven a miúda anti-social e rebelde. Confesso que Teen Titans tenta passar essa imagem, eao não mostrar a realidade dos factos é complicado de se pensar outra coisa.

A animação passa o “mar de rosas” que um grupo de heróis e amigos pode viver. As dificuldades apresentadas a esse grupo raramente são complexas e quase sempre são de fácil resolução. Assim, nunca se fica realmente a saber o porquê de Raven ter aquela personalidade tão vincada, a razão pela qual se dá com poucos e confia em ainda menos, até porque na grande parte dos grupos de amigos de histórias para adolescentes tem que estar incluída a personagem calada, rebelde, anti-social, mais o bónus, se for possível: gótica e esquisita. Convenhamos que Raven se encaixa em tudo o que acabei de descrever.

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Porém, era interessante, mesmo para as camadas mais jovens, tomar conhecimento do porquê de ela ser assim, por muito complexo ou clichê que fosse. De há uns tempos para cá, a personagem virou “modinha”. Não graças à animação, muito menos devido à leitura das bandas desenhadas onda está inserida, mas sim por causa das lindas e maravilhosas ilustrações do brasileiro Gabriel Picollo. Os seus desenhos ilustrando Raven e um dos casais favoritos do fandom, Raven e Beast Boy, levou a que uma onda de cosplays aparecesse e se iniciasse uma adoração temporária da personagem. E já que tenho a oportunidade de ler algo que me agrada, para te trazer aqui no Cubo Geek, decidi ler Raven.

É uma história leve, mas de onde podemos questionar factos bastante pesados. Assim como nos é informado na sinopse da BD, Raven decide passar um tempo longe dos Novos Titãs e mudar-se para a casa da sua tia. Logo de início se percebe que Raven ou Rachel, como ela se apresenta à família, tem um grande medo de ser renegada e que não gostem dela, mas que mesmo assim já está habituada a que isso aconteça. Naquela casa habitam cinco seres: dois adultos, uma adolescente, um pré-adolescente e um bebé. Acredita, pensei que os miúdos, pelos menos os mais crescidos, fossem ser umas autênticas pestes para a Raven, mas fui completamente surpreendida. A nossa protagonista pensa que se mudou para um local mais calmo.

Sim, claro… Deveria avisá-la que o ensino secundário é um verdadeiro inferno? Nah, ela já não precisa, já se deu conta disso sozinha. Pior fica quando o inimigo aparece. Claro que uma BD sobre a Raven não seria somente sobre como a escola pode ser complicada… Also, que se passa a ser chamado de “The Thing” pela protagonista, aparece e começa a sugar as pessoas, de modo a consumir as suas almas. Um pouco clichê, não? Bem, nunca chegamos a saber a origem, o objectivo e o verdadeiro nome do inimigo, portanto ele vai ser a Coisa até ao fim. Sim, há outra Coisa, mas que nada tem a ver com esta.

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Porém, algo que me agradou muito foi a paleta de cores utilizada ao longo da BD. Adicionando ao roxo o azul e o preto, mais uns tons de vermelho escuro, ficou ótimo para o ambiente de caos que se vivia na cidade. Para além disso, esta seleção de cores, já bastante característica de Raven, é difícil de encontrar sem ser em algo que é exclusivo dela. A arte também não me desgostou, uma vez que não é muito pesada. E quando falo em pesada refiro-me aos traços. Pode até ser estranho, mas acho intragáveis as BD’s com traços muito agressivos e robustos. Fico a pensar que alguém delineou as personagens com um marcador preto.

No fundo, Raven pode até ser considerada para crianças, se levarmos em conta a grande moral desta história: aceitar os outros como eles são. Apesar disso, mesmo o volume tendo só seis capítulos, os acontecimentos desenrolaram-se de forma demasiado lenta, levando a que a pessoa perca o interesse pela leitura. Aliás, o final é previsível, mas neste género de histórias sempre o é. O herói sofre, combate o mal, o inimigo desaparece, havendo sempre outro à espreita.

O 1º volume compila do número #1 ao número #6.

Gostaste de ver Raven através de uma nova perspectiva?