“Blood in the Water”
Este episódio traz-nos infinitamente mais perto da resolução final do enredo. Torna-se óbvio que muitos fios vão ter que ficar soltos, e que muitos caminhos que poderiam ter sido explorados pela série se esta não tivesse sido cancelada vão ficar por explorar: não voltaremos a ver o Bash, a ouvir falar na magia dos druidas… Mas muitos outros pontos fulcrais aproximam-se do seu desfecho. A Mary finalmente tem o filho que sempre desejou, e esse filho vai torná-la destemida nas suas escolhas, vai fazê-la esquecer o rígido conjunto de normas morais que sempre a guiou.
O nascimento do Príncipe James, apesar de marcado pela falta de realismo que tem sempre caracterizado esta série (que deve ser encarada mais como uma série juvenil do que como um drama histórico vulgar), foi um ponto fulcral no desenvolvimento de Mary como personagem. Como muitos dos heróis quer dos contos de fadas quer da História, Mary morreu, foi dada como perdida, e depois voltou à vida; o fio que a puxa de volta ao mundo dos vivos é Bothwell.
A cena cimenta a relação de amor e devoção entre Mary, a protagonista desde o primeiro momento da série, e esta personagem tão recente mas que é na realidade o apanhado de todos os outros homens que ela amou ao longo do decorrer da história. Greer – a única amiga que lhe resta de entre as damas que originalmente foram com ela para França – também se mantém como um dos elos de ligação de Mary à vida, tal como a promessa da presença do seu irmão James. Tenho a certeza de que vamos ver o James no próximo episódio, e que ele vai ser fulcral para o desfecho.
Adorei que tenham incluído o facto histórico da correspondência escrita entre Mary e Elizabeth! É verdade que ambas as rainhas escreveram cartas uma à outra durante imensos anos, cartas que declaravam o seu amor e amizade uma pela outra, como primas e como mulheres sozinhas em posições de poder que eram constantemente ameaçadas pelos homens. Sim, foram sempre inimigas, do início ao fim das suas vidas; mas também eram pessoas, forçadas a tomar atitudes difíceis. Acredito que a Elizabeth da série vai aceder ao pedido de Mary e terminar a guerra entre elas.
Não sei qual poderá ser o fim da história em Inglaterra… Parece que tudo o que tinha que acontecer já aconteceu. A Jane foi presa, vai certamente ser executada (ou poderá Elizabeth poupá-la por saber que seria isso que o Gideon quereria?), e a Elizabeth está numa posição política demasiado delicada para poder ser resolvida rapidamente. É bem claro neste episódio que a sua corte não tem grande respeito, ou temor, por ela.
A França está a implodir completamente. Não sei se acredito mesmo que o Leith vai casar! Espero que ele apareça no último episódio, nem que seja para matarmos saudades de uma personagem que teve tantos altos e baixos na temporada anterior. Charles, o Rei emo, recusa-se a acreditar que a Nicole o possa ter traído, mas penso que vai descobri-lo no fim; e apesar de ter ficado a gostar muito mais do Henri ao descobrir todas as novas camadas da sua personalidade (“traz o corpete, sabes aquele de que eu gosto!”), não vejo nada disto a acabar bem para ele. Agora que Leesa foi retumbantemente derrotada pela trapalhada de Inglaterra e não tem o apoio do marido, Charles é livre para reinar como bem lhe apetecer, e a primeira acção a tomar será decapitar o irmão que tem conspirado contra ele constantemente.
Parece impossível que a série tenha que acabar com apenas mais um episódio, quando a verdade é que deveríamos ter pelo menos mais uma temporada para as coisas se poderem resolver com naturalidade. Como tenho dito várias vezes, a história parece-me estar a ser um pouco apressada e abreviada, mas também não se pode afirmar que isso esteja a estragar seja o que for. Reign continua dentro das linhas gerais daquilo que sempre foi, e mantém a mesma qualidade do início ao fim. E agora: alguém vai ter que matar o Darnley, e depressa. Aquele que detém o herdeiro, detém o poder.
