Harry Potter | 15 elementos dos livros deixados de fora dos filmes

Como podem ter deixado de fora o horroroso Peeves? O poltergeist de Hogwarts era uma espécie de híbrido entre um fantasma e um homem: com forma corpórea, mas imortal e com a capacidade de voar. Era uma das personagens que mais me assustava, talvez pela ideia desagradável de ver um homem adulto a flutuar por uma escola cheia de crianças e a atirar-lhes objectos ou a chamar-lhes nomes desagradáveis. Mesmo assim, todos nós adorámos vê-lo a arreliar o Filch: “Não digo nada se tu não dizeres por favor…”, “Por favor, Peeves!”, “Nada! Hahaha! Nada!!!”.

O famoso Wormtail é uma das personagens mais odiadas da série, e das quais as pessoas têm mais pena. A cena da morte de Pettigrew foi horrorosa, e foi ao mesmo tempo uma espécie de justiça divina, mas este momento não foi incluído nos filmes, o que é uma enorme perda, na minha opinião! No livro, Pettigrew está a estrangular Harry com a sua mão de prata, quando Harry o relembra da sua dívida: Harry salvou-lhe a vida no seu terceiro ano em Hogwarts. Wormtail afrouxa o aperto, e nesse momento, como está a atraiçoar Lord Voldemort, a mão de prata vira-se contra ele e estrangula-o. Recordemos as palavras que Lord Voldemort disse quando presenteou o seu servo com a mão: “Que a tua lealdade nunca mais vacile, Wormtail”.

Penso que mesmo aqueles que não leram os livros têm alguma noção da importância de Neville. Basicamente, Neville nasceu no mesmo dia que Harry, e, portanto, a profecia feita por Trelawney que dizia que Harry iria derrubar Voldemort poderia também estar a referir-se a Neville. Apesar de dar tanto valor ao sangue “puro”, Voldemort viu em Harry uma maior ameaça, talvez revendo-se no estatuto meio-sangue, ou talvez devido aos Potter já se encontrarem num esconderijo após Snape ter informado Dumbledore de que estavam em perigo. É justo dizer que se Harry tivesse morrido nalgum momento durante a história, Neville teria sido o Escolhido, e teria derrotado Voldemort no último combate.

Não vemos muitas vezes a interacção entre o mundo dos muggles e o mundo dos feiticeiros, durante os filmes, o que é uma pena. Sabemos, de facto, que o Ministério da Magia colabora muitas vezes com o governo dos muggles – um bom exemplo disso foi a busca por Sirius Black, que foi anunciada tanto no Profeta Diário como na televisão dos muggles. O capítulo inicial de O Príncipe Misterioso dedica-se a um encontro entre ex-Ministro da Magia, Cornelius Fudge (com o seu chapéu de coco!), o novo Ministro da Magia Rufus Scrimgeour, e o Primeiro Ministro britânico. Neste encontro, o Primeiro Ministro é informado da mudança de ministro dos feiticeiros, e também do regresso de Voldemort. É uma pena não terem incluído este momento de cooperação nos filmes! Consegues imaginar o Tony Blair a conversar sobre Voldemort com o Cornelius Fudge?!

Outra personagem fulcral ao ambiente do dia a dia de Hogwarts que, como Peeves, foi deixado de parte na adaptação ao grande ecrã. O Professor Binns é o professor de História da Magia em Hogwarts e é um fantasma. Segundo a lenda, era um professor normal, até que um dia morreu a dormir a sesta na sua cadeira preferida… E depois, levantou-se e foi dar aulas como sempre, deixando o corpo para trás! Compreensivelmente, as suas aulas eram as mais aborrecidas da escola.

Esta é uma das minhas partes favoritas de Harry Potter e a Câmara dos Segredos, que foi lamentavelmente deixada de fora da edição final do filme. No livro, Harry, Ron e Hermione são convidados à Festa do Dia dos Mortos de Sir Nicholas de Mimsy-Porpington, mais conhecido como Nick Quase-Sem-Cabeça. Nesta ocasião solene, Nick assinalou os 500 anos desde o dia da sua morte na maneira que era tradicional aos fantasmas: com uma enorme festa lúgubre. Esta festa incluiu a música arrepiante de serrotes musicais, comida podre e cheia de bolor (porque quanto mais forte o sabor e o cheiro, mais os fantasmas o conseguem sentir!), e um jogo de hóquei em que a bola era a cabeça decepada de um fantasma. Esta “sociedade paralela” dos fantasmas adiciona imensa complexidade ao mundo dos feiticeiros!

Os cepa torta (ou Squibs, na versão em inglês) não são mencionados de todo nos filmes, o que acaba por retirar muita diversidade à ideia da hereditariedade da magia. Tal como os “sangue de lama” são feiticeiros nascidos a dois pais muggle, os cepa torta são indivíduos não-mágicos nascidos de dois pais feiticeiros. Como podes imaginar, isto é uma das piores coisas que podem acontecer! A pessoa em questão é para sempre excluída do mundo no qual nasceu, ridicularizada e ostracizada… Um exemplo de um cepa torta é, claro, Argus Filch, o encarregado de Hogwarts. É mais uma expressão da generosidade de Dumbledore, e explica o porquê de o Filch estar tão obcecado com castigar os alunos obrigando-os a limpar sem usar magia. O Harry descobre isto quando, esperando no gabinete do Filch pelo seu castigo por ter enlameado os corredores, lê um folheto que encontra na secretária: “Feitiço Rápido, o curso intensivo para aprender magia”.

As Veelas são umas criaturas mágicas extremamente importantes nos livros, que ficamos a conhecer durante o Campeonato Mundial de Quidditch, em O Cálice de Fogo. Elas são seres mágicos semi-humanos: são como mulheres lindas, com cabelos dourados e pele brilhante, que seduzem os humanos, e que podem tornar-se horrorosas quando provocadas. A importância das Veelas centra-se na sua capacidade de se reproduzirem com humanos. De facto, uma personagem muito importante, Fleur Delacour, é um quarto Veela, facto que é deixado completamente de fora dos filmes! Nos livros, os homens não podem resistir à Fleur, atiram-se aos seus pés, humilham-se por ela: isto deve-se ao seu sangue de Veela.

Todos ficamos um pouco chocados com o tratamento dos elfos domésticos no mundo de Harry Potter. O pobre Dobby, que é uma das personagens mais adoradas dos filmes, é tratado como um escravo, espancado, insultado… E existem milhares como ele. Nos livros, a Hermione criou uma associação que procurava a libertação e emancipação dos elfos domésticos, mas acabou por ter um problema inesperado: a maior parte dos elfos não queriam ser livres! Os elfos existiam apenas para servir os seus mestres, e a maior parte deles adoravam as famílias que serviam, por mais que estas os maltratassem.

Dobby era, neste sentido, uma excepção. Este fraquinho pelos elfos acabou também por apressar a relação amorosa entre Ron e Hermione. Em Harry Potter e os Talismãs da Morte, quando o trio se encontra no topo do Hogwarts e percebe que este irá ser atacado, Ron lembra-se imediatamente de que têm de pôr os elfos da cozinha a salvo. A sua heróica consideração derrete a Hermione, que se lhe atira imediatamente ao pescoço, e é esta a história do primeiro beijo dos dois.

Os fãs de Harry Potter que nunca leram os livros poderão não sabê-lo, mas Ron e Hermione foram agraciados com uma grande honra, que é ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. No seu quinto ano em Hogwarts foram nomeados Prefeitos. Os Prefeitos têm também mais autoridade sobre os colegas, e são normalmente escolhidos de entre os melhores alunos da turma. Desta maneira, todos os rapazes Weasley foram Prefeitos – excepto, claro, o Fred e o George!

Admite, também criaste uma melodia para este hino na tua cabeça, apesar de apenas o teres visto escrito! Para além de ser uma óptima canção, é também um bom exemplo do feitiço a virar-se contra o feiticeiro. O hino do qual estamos a falar foi criado pelos Slytherin para atormentar Ron Weasley, quando este revelou ser um péssimo Keeper para a equipa de Quidditch dos Gryffindor. Deixava entrar tantos golos, que as outras casas começaram a alentá-lo com versos maldosos, tais como: “O Weasley nasceu no lixo, e deixa sempre a Quaffle entrar”. No final, claro, o Ron recobrou a confiança ao pensar que Harry tinha acrescentado Felix Felicis à sua bebida, e demonstrou as suas verdadeiras capacidades, momento no qual os Gryffindor transformaram “O Weasley é o Nosso Rei” num hino de apoio.

Firenze era um centauro: metade cavalo, metade homem. Conhecemo-lo logo no primeiro livro, quando ele salvou Harry na Floresta Proibida e o trouxe de volta são e salvo ao Hagrid. Esta cena é incluída no filme, mas, lamentavelmente, a personagem de Firenze é excluída nos filmes subsequentes, sendo que nos livros, Dumbledore nomeia Firenze professor de Adivinhação em conjunto com Sybil Trelawney após esta ter sido despedida por Dolores Umbridge. Todas as alunas, especialmente Parvati Patil e Lavander Brown, têm um fraquinho por ele, o que é extremamente perturbador. Firenze luta e é ferido na batalha de Hogwarts, mas sobrevive, e volta a viver com a sua manada de centauros.

Aqueles que nunca leram os livros poderão não ter a noção de até que ponto chegou a divisão entre Percy Weasley e a sua família. A ascensão de Percy no Ministério da Magia após o retorno de Voldemort pareceu suspeita a Arthur Weasley, que acreditava que o filho apenas tinha sido promovido a assistente do então Ministro Cornelius Fudge para que o Ministério tivesse mais facilidade em espiar os Weasley, Dumbledore e a Ordem da Fénix. Percy, que sempre tinha sido extremamente ambicioso, viu nisto a falta de fé dos pais nas suas capacidades, e afastou-se da família, sendo que apenas foram reunidos durante a Batalha de Hogwarts.

Para quem não o sabe, Teddy é o filho de Remus Lupin e Tonks. Se bem que tenhamos tido conhecimento, nos filmes, da gravidez de Tonks, não lhe foi dada tanta importância como nos livros, e o terror que Remus sentia relativamente a trazer uma criança para este mundo não foi explorado.

Em Os Talismãs da Morte, há uma cena pungente em que Remus procura Harry, Ron e Hermione quando estes já estão a viver escondidos e a procurar os Talismãs, para juntar-se a eles. Harry grita com Lupin e insulta-o, e descobrimos a verdadeira razão desta fuga: Lupin está aterrorizado de que o seu filho possa ser um lobisomem, ou um monstro híbrido. Não consegue aceitar as consequências dos seus erros, e decide abandonar Tonks. A fúria de Harry leva-o a tomar a decisão correcta ao voltar para a sua família.

No famoso prólogo do último filme, quando vemos o trio e Ginny como adultos deixando os seus filhos no Expresso de Hogwarts, deveríamos também ter visto, como vimos no livro, o jovem Teddy Lupin, completamente são e um Casanova autêntico, que é afilhado de Harry e melhor amigo dos seus filhos.

Consigo compreender porque este ponto foi deixado de fora dos filmes, já que precisaria de um filme inteiro para ser explorado devidamente. Com os filmes focados em Grindelwald que teremos nos próximos anos, talvez isto se torne uma realidade! De qualquer maneira, o passado de Albus Dumbledore e da sua família ficou quase completamente de fora dos filmes. Vemos no filme o retrato de Ariana Dumbledore, a sua irmã mais nova, mas não ouvimos falar sobre a sua triste história – atacada por um grupo de rapazes muggle que a apanharam a usar magia, Ariana perdeu a capacidade de controlar os seus poderes, tornando-se perigosa para si mesma e para a sua família, que a manteve fechada a sete chaves a partir de então. O pai de Ariana e Albus matou os rapazes que a atacaram, sendo então enviado para Azkaban; Ariana acabou por matar a própria mãe num acidente; e Ariana, que era adorada pelos irmãos, morreu acidentalmente durante o duelo de Albus com Grindelwald.