Secret Empire continua a sua caminhada final, e não podia ser melhor. Com aquela adrenalina precisa e eficaz de Nick Spencer que nós conhecemos, percebemos que a história é muito mais grave do que pensamos.
Mais uma vez a BD inicia-se com aquele arco espiritual estranho. Porém, neste número, este enredo parece-me mais claro, e percebo qual era a intenção de Nick Spencer ao abordar parte da história de forma tão subjectiva. O seu objectivo era mostrar a alma, ou quem Steve Rogers é no seu íntimo, porque lá no fundo, existe uma parte dele que é do bem. O que é verdade. Agora, além do conflito em Washington D.C., há o conflito interno, que, se calhar, pode ser um futuro Deus Ex-Machina.
Aprecio a tentativa de abrandar a vilania do Rogers, principalmente porque isto só aconteceu por interferência externa. Ou seja, Rogers nunca foi um vilão e nunca vai ser por si só. Porém, acho que este arco começou a ser esclarecido tarde demais. Lembro-me de ler alguns números confusa com isto, e sinceramente, não fazia sentido dentro de cada BD. Não foi bom para o enredo arrastar este arco por vários números, quase a obrigar-nos a digeri-lo.
Neste número, Spencer usa uma ferramenta interessante, mas bem famosa, para deixar o leitor mais aflito e curioso. Ao invés de continuar com o conflito do último número, ele prefere por continuar noutro ponto de vista. Zemo está de volta, e aparece com o Pantera Negra algemado. Como nós sabemos, Arnim Zola estava a explorar Wakanda, e afastar o governante dessa nação só podia beneficiá-los ainda mais. Depois, há a questão de New Tian, quando Emma Frost descobre a verdadeira intenção sobre a criação de uma terra só para mutantes, e se opõe contra a Hydra.
Eu gostei da forma que Nick Spencer arranjou para reunir vários heróis numa só causa. Até porque, isto tinha de acontecer. Seria muito estranho todo o país, e partes do mundo também, ser dominada por uma organização fascista, e os principais heróis que conhecemos não fazerem nada. Isto é de interesse de todos.
Porém, o problema é ainda maior. A Hydra tem um exército de criaturas estranhas a hibernar, e Arnim Zola consegue criar uma armadura, alimentada pelos fragmentos do Cubo Cósmico, para tornar Steve Rogers ainda mais poderoso. Era previsível. Ao lermos uma história ambientada nos tempos actuais, com muita tecnologia, esperamos que aconteça qualquer coisa. Entretanto, esta viragem de jogo foi inserida de forma coerente, tornando-a verossímil.
A grande questão é: como deter Steve Rogers. Sinceramente, eu espero algo à altura. Vou ficar bem desiludida se a resolução para um problema desta gravidade for o arco espiritual. Porque a meio do número, descobrimos que, neste arco, Steve Rogers é uma memória da sua antiga vida, e que, a miúda, Kobik, pode ajudá-lo a reverter as alterações feitas. Ou seja, se ele convencer a miúda a ajudá-lo, tudo se resolve. Agora, pensa comigo: o quão parvo seria se isto acontecesse? Muito parvo.
Convém lembrar-te que Secret Empire encerra-se já no próximo número, então há pouco tempo para que isto seja resolvido. Também é bom lembrar-te que alguns problemas, principalmente relacionados a Steve Rogers, devem ser resolvidos em Captain America: Steve Rogers. Tecnicamente, há muito para acontecer.
